quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

primeiro

Fechou a porta
Nos olhos a solidão de quem foge do rumo que traçou para a sua própria vida
Futuro perdido ou esquecido futuro? Que futuro?
Uma amalgama de papeis amarrotados dentro do bolso
Projectos vamos chamar-lhes projectos
Riscos solitários em folhas dum branco sujo
La fora outra vez a vida
Os carros a voz que se afasta as vozes que se afastam a cordilheira de sons que vão e vêem em vagas de silencio
Durmo aqui hoje –disse para si
Sentou-se
Levou os olhos á estante de livros que o pó torna obsoletos
Respirou fundo
Os joelhos que rangem a mente que range o coração que range todo o teu corpo range
Cerrou os olhos não o olhar
La dentro tanto pó também tantos livros tanto silencio tanto por arrumar
Hoje durmo aqui – repetiu
Não se deu conta do que disse do que pensou do que sentiu
Lembro-me de  ti
Lembro-me tanto de ti
Deu-se conta do que disse
gelou a alma
o escuro que não consigo mandar embora
o frio que me entorpece os joelhos
hoje fico por aqui, amanha logo se vê,

e o mundo que la fora urgia pela janela calou por instantes, segundos, e tudo parou
a tua voz parou
os teus passos pararam
eu procurei-te no silencio
segundos
minutos
e nada.....donde me veio este ideia que tu aqui? QUE ABSURDO
deito-me
e adormeço
por dentro....